O Arrastão Animal

Eu sei que vocês vão achar que eu inventei esta história mas, acreditem, minha criatividade não chega a tanto.

Tudo verdade e eu receio que seja a nova moda, do verão. Em caso afirmativo, o Rio ficará inviável e todas as fêmeas deverão se mudar para Poconé ou Timbuctu- e o corretor ortográfico do FireFox sugere, ainda,Timbuíba ou Timburê.

Mas, vamos aos fatos:

Chegava eu, hoje de manhã, ao "Solário"- aquela ponta do Aterro do Flamengo onde tem um deck e todos param prum solzinho e fazem de conta que estão no Arpoador- inclusive os gatos, garças, cachorros, pombos, etc.
Mas... enfim... estava eu chegando lá, quando percebi um tumulto.
Em caso de tumulto, por essas bandas, diga-se de passagem, é melhor correr, ou então perguntar quequiouve a algum barraqueiro, antes de chegar muito perto.
Optei pela segunda atitude- sou curiosa - e o barraqueiro, orgulhosamente alçado à categoria de informante, foi logo afirmando "A dona tá dizendo que foi pivete, aquilo não é pivete, eu conheço pivete, e aquilo"............."Roubou a moça?", perguntei... "Aquilo é filho de papai!", respondeu

Diante da informação esclarecedora e da aparente banalidade do ocorrido, me aproximei.
Homens ao sol, como sempre, com lindos relógios de ouro- como podem????, um cara de bicicleta contando que já tinha visto coisa pior, antes, nesse mesmo dia- "um bandido armado seguindo três pessoa(s)"; mulheres plasticudas se fazendo de garotas, muitos tossindo com gripe e escarrando pelaí, alguns azarando em volta, nada de mais.
De pé, uma jovem senhora, en-fu-re-ci-da, berrava impropérios contra um menino de uns seus treze anos, branco - muito branco, desses que pouco pegam sol, classe média, meio gordinho, de brinquinho cintilante e nariz vermelho de tanto chorar, que murmurava, ali sentado:
"Eu sou de menor, vocês não podem me prender"!

Assistindo- e participando ativamente da cena- um veículo do Choque de Ordem, com dois guardas dentro.

Sentei num dos banco do solário e perguntei pro senhor do meu lado: "Roubou a moça"? .... "Ele deu azar, o marido estava junto, mas ela também, quase matou o menino, deu uma gravata, bateu"..... "Mas, assaltou"? .......... "Foi exagero, deixa eu ir lá e tentar acalmar os ânimos".

Ele levantou e eu, depois de ouvir mais um relato ameaçador "dos perigo(s) das caminhada(s) no Aterro", pelo homem da bicicleta, virei, num suspiro, pra moça da esquerda e, tentando enturmar, comentei "da vez em que fui atravessar o estacionamento do Porcão, cedo de manhã e topei com um carro todo remendado, sem placa, com quatro homens dentro, que só podiam ser bandidos ou coisa pior..."

A tática funcionou, a senhora da esquerda relaxou e eu sapequei: "Foi assalto? O garoto-que-não-é-pivete, assaltou a moça que está gritando que vai telefonar pra mãe dele?"

"Que nada: era um bando de uns dez meninos. Um deles- este que aí está, aos prantos- gritou: "É ESSA"! e deu um tapa na bunda dela e enfiou as mãos".... aí ela corou, mas deu a entender que foi lá pelos fundibulares e frontibulares.... "só que ela reagiu, pegou o garoto, deu uma gravata e danou a dar porrada. Os outros meninos correram".

E, caros amigos, foi isso.

Já pensaram, se a moda pega, no Verão Carioca?



Anexo, foto do Solário, com animais mais pacatos do que estes do meu relato, em dias mais tranquilos.

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