Moonlight Clotilde

Eu ontem, depois de arrumar as compras, senti uma tristeza danada.

Tentei ligar a TV e estava todo mundo em guerra, no telejornal. Então, nem esperei a hora da novela: lembrei de uma coisa que minha mãe me dizia e saí pra rua.

A noite também estava quente, como tinha sido o dia, mas tinha pouca gente na rua, andando- não é como no meu bairro, em NYguaçú, onde todos sentam na porta das casas, em noites assim, para tomar ar fresco e conversar.
Aqui, os poucos que andavam na rua, não passeavam, iam meio que correndo, para algum lugar.

Eu fui andando, devagarinho, na direção do mar. Até ver a lua. Cheiona.
Minha mãe, que já morreu, tadinha, dizia que "toda mulher é aluada; então conversar com a lua faz um bem enorme para elas".

Resolvi tentar, quando cheguei na praia.
Olhei prum lado, pro outro, e ninguém estava prestando atenção em mim, estava tranquilo.

Eu, no início, fiquei meio sem ter o que dizer, quando encarei a lua- e vocês já sabem que eu falo muito- me senti meio maluca. Deu um branco.
Mas, depois de algum tempo, sem mais aquela, foi ela que falou comigo.
Disse que eu não me preocupasse, que a alegria e a boa sorte vão e vem, como as marés. E que a escuridão também, sempre chega, como a lua nova. E, se vai. "Isso é a Vida", acrescentou.
E que nós todos, aqui no Rio, estávamos à beira de um periodo de grande escuridão, e que eu não a enfrentasse, nem reagisse: que me ocultasse e protegesse. E que esta maré ruim e violenta, como todas as coisas- também passaria.
"É assim desde que o Mundo é Mundo", me disse ela. E acrescentou: "O Mal aprecia, particularmente, destruir a Criatividade e o Prazer".

Depois de ter falado isso, por acaso dos Acasos, soprou um vento e passou uma nuvem, que a cobriu. E a lua, seguindo seu próprio conselho, escondeu-se.

Eu voltei, caminhando, com a sandália na mão, para a casa da D.Denise- que só sai de noite toda emperequetada- pensando que o povo daqui da Zona Sul não sabe apreciar e usufruir da beleza que tem e que está logo ali, pra isso. Ficam trancados com medo de ladrão.

E, quando cheguei no meu quartinho, eu me deitei na cama e me cobri feito a lua e, depois de rezar pela alma da minha querida mãe, vou dormir sonhando com esta história.

Boa noite para vocês,
Amanhã é amanhã.

Beijo.
Clotilde

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