Lápis Maravilha
Nesta época em que vivemos, em que tudo é excesso e as crianças ganham presentes importados, às dúzias, talvez entender meu relato seja difícil.
Mas, nesse Dia das Crianças, depois de ter a idéia de produzir um desenho feito pela Clotilde, eu lembrei de algo muito significativo, da minha infância.
Lá pelos dois anos eu ganhei uma caixa com 12 pequenos lápis de cor. E me puz a desenhar príncipes, princesas, fadas, carruagens e abóboras.
Ninguém guardou meus primeiros garranchos, então vocês vão ter que acreditar em mim: lembro nitidamente de estar sentada, perdida no sofá pé palito, que me parecia enorme, com lápis e papel na mão, fazendo isso. Folha de papel no colo, inventando histórias, a medida que rabiscava.
Só que, numa dessas lembranças, que conservo com carinho, tem 13 lápis.
Explico: perdido pela casa, provavelmente trazido pela minha mãe para transpor os "Moldes do Gil Brandão", que usava para cortar seus vestidos e era o encarte do Jornal de domingo, havia mais um lápis colorido, além dos da minha caixa. Que me encantou sobremaneira, pois a cor me pareceu perfeita para o batom das princesas.
Este décimo-terceiro lápis era, segundo me explicaram, da cor da moda de então. Chamava-se "Maravilha".
Fiquei, literalmente "maravilhada" ao rabiscar com ele, palavra cujo significado, na época, certamente desconhecia.
Nunca mais encontrei esta cor de lápis, mesmo nas minhas sofisticadas caixas de profissional posteriores, caras e adultas, de vários andares.
Pura luz, só fui me deparar com ela, no espectro do computador. Aliás, nem isso: foi no tablet mesmo.
Então , com vocês, um desenho, num tom "maravilhoso", da Clô, neste dia de hoje.
Sabem, digam o que disserem as más línguas: ser artista é muito bom!
Tanto quanto ser criança.
