Sobre o Dalai Lama e os Mandalas

Vocês até podem me perguntar: você é budista? 
Acho que não, não acredito em reencarnação, nem em fazer o bem para progredir na próxima vida, "tipo toma lá dá cá".
Aliás, acho que nem acredito em próxima vida. Nem em paraíso, céu, inferno, etcs.
Espíritos? "No creo en brujas, pero que las hay, las hay!"

Quando jovem, como a maioria das pessoas da minha geração, eu era muito mística. Atualmente, nem tanto.

Por outro lado, acho um deslumbre a cerimônia budista do Mandala Tibetano, árdua e trabalhosamente construído de areia que, quando completo, se desfaz e é atirado no rio. 
Deslumbrante e colorido desenho: ao ser finalizado, numa grande e coletiva cerimônia, acabou-se, volta ao informe, à corrente que passa e jamais cessa.

Para mim, esta é mesmo a essência da Vida.
Tudo que chega à completude, se desfaz.

Mas, voltando à Sua Santidade, gosto dele e o admiro muito, não por questão de fé, mas por ser uma pessoa excepcional.

Senão, pensem: o cara nasceu para ser o Dalai Lama. Só isto já pira qualquer mortal.
Não foi eleito, já grandinho: nasceu.
Num país paradisíaco, totalmente isolado do mundo, onde era venerado.

De uma hora pra outra, perdeu TUDO: país e povo. 
A queda foi brutal. E, isto aconteceu de maneira muito brusca.

Levantou, sacudiu a poeira- nem sei a que duras penas, não posso nem avaliar!- deu a volta por cima.
Mesmo.
Sem calmantes, sem terapia, sem drogas.

De líder espiritual de um pequeno povo oriental, transformou-se num dos grandes líderes da Humanidade.

Gente... Conheço pessoas que perdem o emprego e não se recuperam!!! Vocês não?

Pois é: uma "doutrina"- e eu hesito  em usar este termo, para o budismo- ou sistema filosófico, que orienta e sustenta a alma de um ser humano, numa circunstância dessas, deve ter algo de bom, não acham?
Algo para aprendermos, com ela?

Eu não sou desapegada, infelizmente. Tento, mas não sou: o problema no meu caso, não são os bens, nem os balangandãs, são os afetos.
Perder pessoas me tira do sério.
E a base do Budismo é o desapego, inclusive do Amor e do Ódio. 
A Aversão é a contrapartida do Desapego.
E, não adianta cantar: "Tou nem aí", que desapego não é isso. Ao contrário: é estar aqui, agora, plenamente.
O Desapego é a base da Compaixão.
E, vice-versa. 

Por isso, também, considero o Dalai excepcional. 
Ele consegue se contrapor à China, sem ódio.
Free Tibet.

Se ele é um "homem santo"?
Implico um pouco com este conceito de "santidade", tão ligado à perfeição e ao orgulho desmedido, à hybris grega, na nossa cultura.
Mas, seguramente, é alguém muito mais Sábio do que eu.
Com quem tenho muito o que aprender e, neste sentido, eu o considero um Líder Espiritual.



Deixo aqui um link de Mandala de Areia, para vocês assistirem hoje, domingo, quando não tem muito o que fazer:


Se tiverem muito o que fazer, vejam na  segunda :-)) o filme é lindo!

Abaixo, algumas outras imagens












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