Arrastão (Memórias 5 e Clotilde)

Lá vou eu escrever minhas memórias...
Memórias 5
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Estava eu na Praia de Ipanema, no meu point entre Farme e Vinícius, onde hoje é a "Barraca da Denise" numa estranha coincidência, pois essa Denise não sou eu, num lindo dia de outubro de 1991.

Fui relaxar.

Era o que se usava, sabe: ficar zen na praia. Sem máquina fotográfica, sem celulares, só com alguma grana, a cadeirinha, uma canga e o filtro solar.
Alí, espichada, de biquini, pensando na vida...

De repente, gritos! E, a praia inteira se levantou e começou a correr. 
Eu pulei da areia e olhei para a Pedra do Arpoador, lá no final, apinhada de gente e parecia mesmo um formigueiro, quando você pisa sem querer. 
Todo mundo corria, a praia parecia viva, em pânico.

Vocês sabem qual foi a primeira coisa que eu pensei que fosse? Tsunami.
Depois, um monstro marinho ou um ser alienígena.

Ninguém sabia o que estava acontecendo, o que tornava tudo muito mais aterrorizante. 
As crianças berravam, arrastadas pelas mães, que eram por sua vez arrastadas pelos maridos. 
Põe "arrastão" nisso.
Eu só parei de correr na altura da Barão de Jaguaripe, em frente a um bar onde tinha uns caras gritando: 
"AMANHÃ A GENTE VEM ARMADO, DAQUI ELES NÃO PASSAM". O "aqui" era a tribo do jiu-jítsu, da Farme de Amoedo.
Aí eu parei para me informar sobre o que tinha acontecido.

Eu destronquei feio minha coluna, neste dia. Peguei meu carro, nem sei como e mal cheguei em casa completamente estropiada, telefonei para o médico, querendo saber como proceder.
Daí ele perguntou: "O que houve? Como foi isso?"

Surreal.
Porque ninguém nunca tinha ouvido falar em Arrastão, isso nunca havia acontecido, a palavra nem existia.
Eu não tinha como explicar.
"Eu estava na Praia de Ipanema aí a praia toda correu e eu dei um mal jeito na coluna, doutor".
Não pegou bem.

Pois é... E eu passei uma semana de castigo, com analgésicos, na cama.
Mas, só depois que o médico leu a notícia, no dia seguinte no Jornal. 

Em tempo: apareceram uns babacas, então como agora, que umas semanas depois, disseram que era tudo "invenção da mídia". Que, na época, só não era "golpista".
E afirmaram que "o arrastão nunca existiu". 
Enfim... 
A história é esta, nada se fez e o problema só piorou.


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Anexa tem a foto da Clotilde, que não seguiu meu conselho de ficar em casa no verão de 2014 e foi à Praia do Arpoador, em pleno Domingo.
Como o de amanhã, que aliás, promete.
Se cuidem.

Melhores dias virão.

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