Brasil 21/05/2017
Eu lembro sempre de umas histórias pitorescas.
Então, o dia de hoje não foi exceção:
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Minha mãe tinha uma grande amiga da juventude, minha madrinha, colega de Escola Normal, chamada Terezinha.
A Terezinha era muito rica, filha de dono de estaleiro e morava, antes de casar com o primeiro marido, o Sérgio, numa mansão da Tijuca.
Contava minha mãe que quando ambas iam dar aulas em Deodoro, recém-formadas, enfrentando viagem de trem, a Terezinha tinha o maior nojo de colocar as mãozinhas nos ferros onde toda a plebe rude segurava.
Fazia "irque".
Então, usava luvas brancas, comuns na época porém apenas em nobres ocasiões, não em trens.
Enfim... a Terezinha era muito fresca e bem nascida.
E lia muitas "Revistas para Moças", como todas elas nos anos 50.
Num número qualquer de revista, aconteceu de publicarem um artigo no qual um escritor americano debatia e louvava as vantagens de um bom arroto, após lautas refeições.
A moça, não muito esperta, acreditou piamente na palavra impressa, ainda mais sendo diretamente traduzida dos US onde "fazer isto era de bom tom".
Memorizou o ensinamento.
Pois não é que o Pai-da-Terezinha fechou negócios e foi celebrar o sucesso com sócios americanos? Verdade: promoveram um jantar de gala, com as duas famílias e convidados de estirpe. Chiquérrimo.
Terminada a refeição, querendo demonstrar seu prazer e agrado, a jovem normalista não poupou esforços:
****"ARROUT"!****
BEM ALTO. Todos pararam na sala, pasmos, encarando, inclusive o Pai-dono-do-Estaleiro
E ela crente que estava abafando, repetiu:
****"ARROUT"!****
Era década de 50 e acreditem, os dias nem chegavam a ser assim.
Durante o resto do jantar o Pai, envergonhado, nada fez.
Em casa, foi surra de cinto com fivela e não houve como explicar nada sobre Revista Feminina.
Esta história ela mesma me contou.
"Cada terra com seu uso.. ", como sabiamente diria minha avó.
E não vamos dar uma de acreditar em tudo que está impresso, como a Terezinha fez.
Nem ceder à escatologia em locais impróprios, mesmo que sejam "abundantes".
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É isso. Boa semana!
(Anexo Fradim do Henfil)
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