#homofobianão #misoginianão #racismonão #censuranuncamais



Quando eu tinha dezenove anos, um grande amigo de infância pediu para ir à minha casa, “ter uma conversa séria”.
Na época eu ainda morava com minha mãe, já separada, ela estava na sala e como ele não queria que ela ouvisse o papo, nos trancamos no meu quarto.
Cena: minúscula cama de solteiro, prancheta de madeira com banquinho, sobre ela Mondrian, o meu gato preto e, no parapeito da janela, meu aquário.
Ele numa ponta da cama, eu na outra, foi numa tarde.

De repente, ele soltou um soluço travado e literalmente se atirou nos meus braços aos prantos e falou: “Eu sou gay”.

O que me surpreendeu na cena, então como agora lembrando, não foi a revelação. Era patente e inquestionável para mim o fato: eu já sabia, muito embora na época ele confusamente estivesse apaixonado platonicamente por uma menina que o rejeitava sistematicamente. 
Mulheres percebem muita coisa não verbalizada por pessoas próximas.
E algumas, como eu, são discretas.

O susto que levei foi descobrir o sofrimento que isto representava para ele. O quase terror que ele sentia diante da constatação que “era gay” e a dificuldade que teve ao verbalizar.

Mas eu fiz que fiquei surpresa, ele enxugou as lágrimas e seguimos conversando.
Ele acalmou e algumas semanas depois “saiu do armário” para a mãe e os irmãos e todos os seus outros amigos.
Rs... ninguém se surpreendeu também, eu perguntei.

Então eu acho que cada um é cada um, que tesão é uma manifestação involuntária do ser humano e que pessoas que agem como o Crivella nestes últimos dias são más e totalmente irresponsáveis.
Estão espezinhando desconhecidos, muitas vezes em meio a sofrimentos e em nome de um puritanismo que eu, particularmente, considero ridículo.

Nenhuma criança vai sozinha à Bienal, como eu já escrevi em outro texto da Clotilde.
O pretexto para “roubar o foco da cena” às vésperas da cirurgia do Bolsonaro e em pleno 7 de Setembro, poderia ter sido outro.
Este ficou complicado de engolir numa cidade repleta de problemas sérios, como toda a Imprensa já chamou atenção.
Goebbels Tupiniquim não deu muito certo desta vez

E, concluindo, gostaria de abraçar cada um dos amigos que durante suas vidas passaram por conflitos angustiantes, como esse que relatei.
Principalmente os que, como eu, também consideravam esta batalha em prol da liberdade do Ser, arduamente vencida e encerrada.
O Mal é forte e renasce sempre, como erva daninha.

A Liberdade é um Bem que tem que ser cuidado, permanentemente.

E isso era tudo o que eu tinha para dizer.

#homofobianão
#misoginianão
#racismonão
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