Color Magic ou A Magia das Cores

Minha mãe foi professora primária, depois secundária, em escolas do município.
Falava de quando em vez, de um aluno. Desses que eram mais levados ou problemáticos.

Um dos prediletos da D.Léa foi o Fernandinho, que acompanhava as aulas dela, mas tinha educação complementar em braile, no finado Instituto Benjamim Constant.
Nós brincávamos juntos e ele tocava gaita.
Eu fiquei muito impressionada: pedi uma gaita de presente de aniversário.
Ganhei, de criança, pequenina.
Ele também tocava acordeom. Pedi. Era caro, não me deram.
Mesmo porque meu talento musical sempre foi zero. Eu só sei desenhar. 

Para não dizer que ela nunca se referiu ao aspecto físico de uma criança, teve uma vez. Ela comentou comigo:
"Denise, apareceu um aluno no colégio que é tão bonito, mas tão bonito, que eu fico até constrangida, pois não consigo parar de olhar. É como se tivesse um imã, na sala. E é um garoto muito educado, criativo. Tem o cabelo preto, cortado feito pajem. Adoro ele. Chama-se Roberto. Muito talentoso para Artes."

Aquilo passou. Um belo dia, estavámos vendo TV, ela solta um grito: "OLHA O ROBERTO!"
Era a Roberta Close.

Eu fui educada por ela, cresci artista.
Não há como ser artista e ter preconceitos, posso afirmar.
Principalmente os de cor.

Mas eu não vou usar essa caixa maravilhosa agora, não: vou para o Aterro, pegar um bronze. Estou branquela demais.


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